Amigos,
Já faz algum tempo que publicamos aqui no blog um áudio em que ouvíamos Zélio de Moraes contar que ele havia iniciado Benjamim Figueiredo na Umbanda (para quem não leu, clique aqui e aqui)
Pois, bem. Nosso amigo Sergio Navarro, CCT da Fraternidade Umbandista Luz de Aruanda e autor do blog homônimo, descobriu uma preciosidade nos arquivos da Biblioteca Nacional: um texto escrito em que os repórteres documentaram Benjamim Figueiredo afirmar que: “Meu trabalho na umbanda começou no Centro do “Seu Sete Encruzilhada” na Praça XV, nos meados de 1917″. (Para acessar o blog Fraternidade Umbandista Luz de Aruanda, de nosso amigo Sergio, e ler a integra do texto, clique aqui)
Isso lança mais luz sobre o início da Umbanda e nos faz ter que rever alguns pontos, inclusive do que escrevemos antes. Vamos a eles.
Primeiro. De acordo com Leal de Souza, na obra “O Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas de Umbanda”, em seu capítulo XXIV, que “O Caboclo das Sete Encruzilhadas fundou e dirige quatro Tendas: de Nossa Senhora da Piedade, a matriz, em Neves, subúrbio de Niterói encravado no município de São Gonçalo e as de N. S. da Conceição, São Pedro e de Nossa Senhora da Guia, na Capital Federal, além de outras no interior do Estado do Rio.” Ainda nesse capítulo, um pouco mais abaixo, lemos que: “Dez ou doze anos depois, com contingentes dessa Tenda, incumbiu a Sra. Gabriela Dionysio Soares de fundar, com o Caboclo Sapoéba, a de N. S. da Conceição e quando a nova instituição começou a funcionar normalmente, encarregou o Dr. José Meirelles, antigo agente da municipalidade carioca e deputado do Distrito Federal, e os espíritos de Pai Francisco e Pai Jobá, com o auxílio das duas existentes, da criação da Tenda de S. Pedro.”
Segundo. No antigo site da Tenda Espírita Mirim, podíamos ler que: ” (…) No dia 12 de Março de 1920, o Médium Benjamim Gonçalves Figueiredo, teve a primazia de incorporar, pela primeira vez, o Caboclo Mirim, Grande Mestre que veio para nos ensinar a Escola da Vida, que poucos conheciam na época. Após a sua chegada, O Caboclo Mirim anunciou que aquela seria a última Sessão de Kardec e que as próximas Sessões passariam a ser de Umbanda. (…) Aos 13 dias do Mês de Março do ano de 1924 considerou-se fundada a Tenda Espírita Mirim, por ordem do Caboclo Mirim, através do seu jovem Médium, Benjamim Gonçalves Figueiredo.”
Terceiro. De acordo com o áudio que mencionei mais acima, ouvímos Zélio contar que Benjamim passou a frequentar as sessões da sua tenda para que Zélio o desenvolvesse na Umbanda e, em uma dessas ocasiões, Orixá Mallet, incorporado em Zélio, pegou Benjamim e após carregá-lo nas costas por meio quilômetro, o atirou no mar, tendo, logo após o fato, dito que Benjamim estava pronto para trabalhar com o Caboclo Mirim.
Juntando as três peças acima, com as novas informações trazidas pelo nosso amigo Sergio, podemos supor que:
- Se havia uma tenda do Caboclo das Sete Encruzilhadas na Praça XV, Rio de Janeiro, em meados de 1917, é altamente provável que ela fosse a Tenda Espírita Nossa Senhora da Guia (TENSG), que teria sido fundada pelo menos 09 anos depois da Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade (TENSP), e não 10 ou 12 como estimou Leal de Souza. Além disso, descobrimos, pela primeira vez, em que local da antiga capital federal ela ficava.
- Se Benjamim Figueiredo iniciou na Umbanda no “Centro do ‘Seu Sete Encruzilhada'” em meados de 1917, é altamente provável que ele tenha iniciado na Tenda Espírita Nossa Senhora da Guia, quando tinha, então, apenas 15 anos de idade.
- Se a primeira incorporação de Benjamim Figueiredo com o Caboclo Mirim foi em 1920, ele só veio a incorporar essa entidade depois de pouco mais de 02 anos de ter começado no “Centro do ‘Seu Sete Encruzilhada'”.
- Se a primeira incorporação de Benjamim Figueiredo com o Caboclo Mirim foi em 12/03/1920 e se ele incorporou o Caboclo Mirim depois de Orixá Mallet tê-lo batizado no mar, então é provável que esse batizado tenha ocorrido em 1920. Ainda não podemos afirmar se foi nesse batizado, inclusive, a primeira incorporação, mas pelo registrado no áudio parece que sim.
- Como Neves fica bem mais distante do mar do que a Praça XV no Rio de Janeiro, é provável que o batismo de Benjamim Figueiredo tenha ocorrido em um dia de sessão na TENSG.
- Supondo, entretanto, que a data de 12/03/1920 tenha sido um erro de digitação no antigo site da TEM e que a data correta fosse 12/03/1924, então a TEM teria sido fundada um dia após o Caboclo Mirim ter dado a ordem para isso e após Benjamim ter cerca de 07 anos no “Centro do ‘Seu Sete Encruzilhada'” (o que nos parece muito mais provável).
Bom, amigos leitores, já especulamos bastante. rs… Agora, é trabalharmos em busca de fatos que possam comprovar nossas especulações ou descartá-las.
Um grande abraço, Renato.
Edenilson Francisco disse:
Um grande abraço prá vc Renato, isso sim!!
Sergio Navarro Teixeira disse:
Seus comentários merecem uma boa reflexão…
Após quase um século, quando aparecem fatos novos, documentados, às vezes precisamos enfrentar o personagem mítico para que possamos ouvir os ecos do ser humano que viveu aqueles tempos… e muitos preferem as lendas…
Alguns se incomodam com o fato de Benjamin Figueiredo não ser um profeta, mas sim um jovem que viveu as experiências que todos nós, umbandistas, ao mergulharmos no caminho do desenvolvimento mediúnico, vivenciamos. Apenas com fé nos nossos Guias e nos mentores da Casa que escolhemos…
Que bonito que Benjamin tenha podido trilhar seus primeiros passos na Umbanda sob a tutela de Zélio e Sete Encruzilhadas!!
Felipe Breda disse:
Boa noite.
Antes de mais nada, gostaria de dizer que adorei o blog de vocês e estou lendo todos os posts há alguns dias. Sou filho de uma linda casa na região do Grande ABC, em São Paulo, e busco aprender cada dia mais com meus irmãos. Por isso, sou grato a toda informação que vocês disponibilizam àqueles que procuram sua página com um coração aberto.
Sou estudante universitário e recentemente escrevi um texto sobre preconceito religioso, baseado em algo que vi na internet, escrito por uma igreja protestante, contra umbandistas. Senti que não podia calar e resolvi transformar em palavras aquilo que senti. Infelizmente, não possuo um espaço na internet para publicar meu texto e gostaria de saber se vocês poderiam considerar fazê-lo por mim, caso achem que possa ser de seu interesse. Posso enviá-los o referido texto sem maiores compromissos para que vocês julguem se gostariam de publicá-lo ou não. Apesar de não ser nenhum erudito, acredito ter escrito algumas palavras verdadeiras, que fariam o bem se fossem lidas por se tratar de um relato de pura cidadania. Caso não seja possível, entenderei perfeitamente.
Desde já, agradeço pela atenção. Aproveito para deixar meu email para uma possível comunicação. O endereço é fp.breda@yahoo.com.br
Um grande abraço e muita luz para vocês.
Felipe
Renato Guimarães disse:
Olá, Felipe.
Coloque o seu texto em um comentário aqui no blog que iremos analisá-lo e, como vc mesmo colocou, se o mesmo estiver dentro da forma como trabalhamos aqui, iremos reproduzí-lo.
Abs, Renato.