Amigo leitor, não sei se vocês perceberam o impacto que o aúdio que disponibilizamos na postagem “A ligação de Zélio de Moraes e Benjamim Figueiredo” tem para a história da Umbanda. Aquele áudio joga luz sobre fatos ocorridos nas duas primeiras décadas da Umbanda, que nos obrigará a rever tudo o que já foi escrito sobre aquela época. Analisemos os dois primeiros pontos que chamamos a atenção na postagem supracitada.
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A) O NOME DA RELIGIÃO
Com base no que ouvimos no áudio, teríamos que reescrever parte do que já foi escrito sobre os fatos ocorridos nos dias 15 e 16 de novembro de 1908 e adicionar um fato novo, ocorrido em 1909, relativo a mudança no nome da religião.
No diálogo travado entre um dos presentes e o Caboclo das Sete Encruzilhadas, ocorrido na casa de Zélio no dia 16 de novembro daquele ano, no qual o primeiro indaga o segundo sobre o nome do novo culto, teríamos que reescrever o diálogo para algo do tipo:
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Um dos presentes: “- Qual será o nome desse novo culto?”
Caboclo das Sete Encruzilhadas: “- O novo culto se chamará Alabanda.”
Como era a primeira vez que ouviam esse nome, um deles indagou:
Um dos presentes: “- O que que dizer Alabanda?”
Caboclo das Sete Encruzilhadas: “- Alabanda quer dizer Deus ao nosso lado.”
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Além deste fato, teríamos que acrescer um fato novo sobre o início da Umbanda: a mudança do nome da religião, de Alabanda para Aumbanda, em 1909.
Não sabemos os motivos pelos quais o Caboclo fez tal mudança e talvez nunca saibamos. Vamos continuar buscando registros dos fatos ocorridos naquela época, torcendo para que encontremos algo que explique essa mudança. A teoria mais propalada para esta mudança, a de que a vibração do nome anterior não era boa, tendo sido escolhida um novo nome com uma melhor vibração, não pôde ser comprovada, historicamente falando, até o momento. É, até agora, só uma especulação sobre o assunto. (ERRATA: Zélio deixa claro, entre os minutos 12:25 e 12:50, que o termo Alabanda foi substituído por Aumbanda porque não ficava bem, não soava bem.)
Mas analisemos a forma como se deu a mudança.
Sabemos que o primeiro nome da nova religião, Alabanda, foi uma homenagem feita pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas a Orixá Mallet, que em sua última encarnação havia sido malaio e muçulmano: Alá é um aportuguesamento da expressão árabe al-Lah, cujo significado é “O Deus” e é dessa forma que os muçulmanos referem-se a Deus em suas preces. (ERRATA: a expressão “Sabemos” fica meio forte aqui, é melhor ser substituída por: “Supomos, com razoável nível de certeza,”)
Ao fazer a referida mudança, o Caboclo substituiu Ala por Aum, que, segundo Zélio de Moraes, seria a expressão grega que teria o mesmo significado da expressão árabe.
Sobre a afirmação de Zélio de que Aum significaria “O Deus”, em grego, não encontramos nenhum exemplo nessa língua que corrobore essa afirmação. Entretanto, segunda a senhora Karen Armstrong (ARMSTRONG, Karen. Uma história de Deus: quatro milênios de busca do judaísmo, cristianismo e islamismo. Tradução Marcos Santarrita. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.), os filósofos gregos da antiguidade se referiam a Deus com a mesma palavra que denominavam a unidade, e que seria traduzido, em português, como Um. Talvez, o fato do nome ter se firmado como Umbanda e não como Aumbanda, tenha sido uma correção posterior feita pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, para adequar o nome da religião àquela tradução. Mas isso já é uma especulação minha.
B) SOBRE A DESCENDÊNCIA DA TENDA ESPÍRITA MIRIM E O SEU FUNDADOR BENJAMIM FIGUEIREDO (DESCENDE DA TENDA ESPÍRITA NOSSA SENHORA DA PIEDADE)
No áudio ouvimos Zélio contar que Benjamim passou a frequentar a Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade (TENSP) a tenda de Zélio para que Zélio o desenvolvesse na Aumbanda, e em uma dessas ocasiões, Orixá Mallet, incorporado em Zélio, pegou Benjamim e, após carregá-lo nas costas por meio quilômetro, o atirou no mar, tendo, logo após o fato, dito que Benjamim já estava pronto pra começar a trabalhar com a Umbanda.
Infelizmente, na fita não há o período em que isso teria ocorrido, mas se olharmos a história da Tenda Espírita Mirim (TEM), podemos supor quando isso ocorreu. No antigo site da TEM, que reproduzo parcialmente abaixo, lemos que:
“O Kardecismo veio para o Brasil através da família Figueiredo. Em 1920, esta família realizava sessões de Kardec na Rua Henrique Dias nº 26, na Estação do Rocha, Rio de Janeiro.
No dia 12 de Março de 1920, o Médium Benjamim Gonçalves Figueiredo, teve a primazia de incorporar, pela primeira vez, o Caboclo Mirim, Grande Mestre que veio para nos ensinar a Escola da Vida, que poucos conheciam na época.
Após a sua chegada, O Caboclo Mirim anunciou que aquela seria a última Sessão de Kardec e que as próximas Sessões passariam a ser de Umbanda. Em uma de suas mensagens ele disse que a partir daquele momento a TENDA ESPÍRITA MIRIM seria reconhecida mundialmente e advertia que a mesma seria uma Organização única no gênero em todo o Brasil, cujo método seria adotado por outras Tendas, até mesmo em outros Estados da Federação, o que, mais tarde, teríamos a oportunidade de comprovar.
O Caboclo Mirim, Espírito Missionário, preparou a antena receptiva daquele que seria o intermediário do seu programa, de suas ordens e de suas mensagens, ou seja, o seu Médium, que preservaria a sua missão e que cumpriria, religiosamente, a sua tarefa.
Uma família inteira é convocada para preparar a Tenda Espírita Mirim, para nela, firmar os Postulados da nova Organização. Os chamados ou escolhidos foram: José Nunes de Figueiredo Filho, Judith Gonçalves Figueiredo, Benjamim Gonçalves Figueiredo, Eugênia Gonçalves Figueiredo, Hercílio Latino Gonçalves, Abgail Maria Gonçalves, Davi Latino Gonçalves, Benjamim Franklin Gonçalves, José Fróes e João da Mota Mesquita Filho. Foram 12 como os apóstolos de Jesus! Coincidências!
Aos 13 dias do Mês de Março do ano de 1924 considerou-se fundada a Tenda Espírita Mirim, por ordem do Caboclo Mirim, através do seu jovem Médium, Benjamim Gonçalves Figueiredo.”
(Fonte: TENDA ESPÍRITA MIRIM. Apresentação. Disponível em <http://www.tendaespiritamirim.com.br>. Acesso em 03 set. 2007.)
Perceberam que entre a ordem do Caboclo Mirim e a fundação da TEM existe um período de exatos 4 anos? Perceberam, também, que antes da ordem do Caboclo Mirim, a família de Benjamim não trabalhava com Umbanda, apenas com Espiritismo?
Ora, se:
1 – Benjamim e sua família desconheciam a Umbanda em 1920;
2 – só iniciaram as atividades da TEM (tenda de Umbanda e não de Espiritismo) em 1924;
3 – Zélio nos conta que Benjamim frequentou a TENSP sua tenda para aprender com ele sobre a Umbanda, tendo sido batizado no mar por Orixá Mallet e considerado, então, pronto a trabalhar com a Umbanda;
4 – Pelas regras da TENSP, em seu regimento interno, é Orixá Mallet quem autorizava ou não a matrícula de pessoas como membros da TENSP, bem como considerava aquelas que considerava desenvolvidas a dar passes, consultas, auxiliar trabalhos de desenvolvimento mediúnico e outros que se realizavam na tenda.
Podemos supor que nesses 4 anos, entre 1920 e 1924, Benjamim foi membro da TENSP (ADENDO: ou de uma das tendas fundadas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas), com autorização de Orixá Mallet, tendo sido desenvolvido e considerado pronto por esta entidade a começar a trabalhar com a Umbanda e, só depois disso, é que Benjamim teria fundado a TEM, junto de seus familiares.
Ou seja, embora Renato Ortiz tenha escrito que:
“(…) a umbanda se desenvolve paralelamente em diferentes estados sem que exista, pelo menos de maneira comprovada, uma relação de influências entre os diversos terreiros. Em meados dos anos 20, existe em Niterói a tenda de Zélio de Moraes, o Rio de Janeiro a de Benjamim Figueiredo, e Porto Alegre a de Otacílio Charão.”
(Fonte: Breve nota sobre a umbanda e suas origens. In: Religião e Sociedade. p. 134-137. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1986.)
e outros pesquisadores tenham se baseado nele quando escreveram sobre o início da Umbanda, podemos afirmar, comprovado pelo áudio em questão, que há, sim, uma relação da TEM com a TENSP, uma vez que a TEM pode ser considerada mais uma tenda de Umbanda descendente da TENSP.
Talvez, a TEM seja a segunda tenda descendente da TENSP, mas não podemos afirmar isso por enquanto, pois ainda não conseguimos descobrir a data de fundação da Tenda Espírita São Pedro (só sabemos que foi anterior a 04 de março de 1927).
Resta, agora, descobrirmos se Otacílio Charão, antes de embarcar para a África, em 1916, frequentava a TENSP ou alguma casa de macumba carioca. Se frequentava a primeira, então teríamos que o Centro Espírita Reino de São Jorge, fundado em Rio Grande, RS, em 1926, é outra tenda descendente da TENSP, mostrando uma relação entre as primeiras tendas de Umbanda e a antiguidade da TENSP sobre todas as demais.
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Acho que com essas considerações, conseguimos mostrar a você, leitor, a importância daquele áudio.
Um grande abraço a todos, Renato Guimarães.
gabricarqueijo disse:
Parabéns pelo blog. A Umbanda é tudo! Achei seu blog na lista dos que mais crescem no wordpress. Parabéns!
Sergio disse:
O conhecimento da História é obtido juntando-se as peças que conseguimos obter.
Essa fita de aúdio é, pra mim, uma valiosa peça desse imenso quebra-cabeças que são os primeiros anos da Umbanda, já que foi muito pouco documentada.
Mais uma vez, parabéns pelos seus comentários, e pelo “tesouro” apresentado à comunidade umbandista.
Edenilson Francisco disse:
Compadres Renato e Pedro, Saudações Corintianas, Quelônicas e Fraternas!
Lembram quando falávamos que a divulgação dos áudios com as entrevistas iriam causar rebuliço tanto no já firmado, como no especulado e tbm no mal interpretado?
Pois então, tá aí! De bate pronto, não sei se as lacunas se preenchem ou se alargam, mas a impressão que fica é que em vários pontos, vai ficar pela sintonia de cada um colocar e com algum talento, tinta ou massa ou outro material que consiga alcançar feitura do quadro todo.
Fiquei em dúvida, entre outros ainda em estudo a partir da audição, no seguinte;
“Sabemos que o primeiro nome da nova religião, Alabanda, foi uma homenagem feita pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas a Orixá Mallet, que em sua última encarnação havia sido malaio e muçulmano:”
Como assim homenagem, se não existia Orixá Mallet em 1908, manifestado? Segundo o que lê, esta entidade surge 05 anos após, ou seja, 1913. Tendo sido, se não ouvi errado, o Sr. Zélio diz que Orixá Mallet foi buscado (na espiritualidade).
E mesmo nas audições até agora disponibilizadas, que consegui acesso, a referência a entidade Orixá Mallet, é feita com a palavra depois, sendo o relato do surgimento da Aumbanda em primeiro plano
Ou o que conhecemos como registro histórico, seja da entrevista do Sr. Zélio para a jornalista Sra. Lilian em 1971, própria voz do Sr. Zélio e do Sr. Caboclo das Sete Encruzilhadas, esta mal descrita ou a afirmação “Sabemos…” é mera e adicional hipótese.
Ou ainda, eu não entendi que é isto mesmo que se afirma no áudio disponibilizado aqui.
Fica ainda a gratidão e a alegria pela realização de mais um degrau no esclarecimento de novos horizontes para todos nós umbandistas que queremos ir mais além.
I nóis num tem prigissa né mes? rsrsrs
Paz e Luz!
Renato Guimarães disse:
Olá, Edenilson!
Tudo tranquilo? Espero que esteja tudo bem contigo.
Bom, o “sabemos” que coloquei nesse texto, no que se refere a palavra Alabanda como sendo homenagem a Orixá Mallet, deve-se ao fato do que ouvimos Zélio falar entre os minutos 12:05 e 12:50. O termo Ala deve-se ao fato de Orixá Mallet falar árabe e este ser o termo árabe para “O Deus”.
Se não for uma homenagem a Orixá Mallet, não faço ideia do porque o Caboclo deu esse nome à religião. Até onde sei, o Caboclo das Sete Encruzilhadas teve uma encarnação como um caboclo brasileiro em algum momento entre 1761 e 1908 e uma encarnação como um italiano, anterior a esta como caboclo, em que viveu boa parte dela em Portugal e suas colônias do Estado do Maranhão e Estado do Brasil, não existindo, em ambas, registro de que falasse árabe.
Realmente, não existe registro de que Orixá Mallet tenha se manifestado através de incorporação antes de 1913. E, sim, Orixá Mallet foi buscado na espiritualidade pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas. Observe, entretanto, que não sabemos em que momento deu-se o primeiro contato entre o caboclo e o orixá: não podemos afirmar que tenha sido em 1913, só porque foi quando ocorreu a primeira manifestação de Orixá Mallet. Se fizermos isso, estaríamos excluindo a hipótese de que Orixá Mallet poderia já trabalhar junto ao caboclo muito antes de 1913, só que de forma não incorporativa.
Talvez o “sabemos” tenha sido forte demais. Farei uma errata no texto para “supomos, com razoável nível de certeza”. Acho que fica melhor.
Um grande abraço, Renato Guimarães.
Edenilson Francisco disse:
Oi Renato!
Estou bem com a Graça do Bom Deus! E prá não perder o costume, pitando um páieiro aqui, uma talagada de caninha acolá, oiando o tempo prá ver se chove eeeee aguardando seu retorno na USM com certeza já na versão flex power, rsrsrsrs, por assim dizer.
Eu entendi que a resposta dada pelo Sr. Zélio ao seu entrevistador (por sinal, de pouca ou nenhuma paciência, já que o Sr. Zélio tentava responder e foi cortado várias vezes, Assim como me pareceu que o entrevistador já estava de caso pensado, no caso, conformar suas teses escritas no seu livro), se deu aos comentários iniciados em 10:37: “Esta palavra Umbanda foi dada pelo Caboclo…”, sendo que o Sr. João de Oliveira “força” o viés para o entendimento de que a palavra, do culto nascido aqui, é de raiz africana, justificando a corruptela afro-brasileiro.
A partir de 12:05, o que entendi foi o seguinte: “Prq vai se chamar Aumbanda?” o Sr. Zélio começa a discorrer sobre a questão do surgimento e aí num trecho diz “1909, tá escrito…”, só que até o momento não descobriu-se nenhum documento relativo ao ano citado, mas sim ao ano de 1908, que é o assim chamado documento histórico.
Sobre sua citação de uma não possível homenagem ao Orixá Mallet, que tal olharmos a resposta dada pelo próprio João de Oliveira, sobre a questão da origem das palavras? Seja grega, malaia, árabe, africana ou sânscrito são todas do Oriente, inclusive podemos tentar uma ponte aqui com a entidade Orixá Mallet (lembra que o Sr. Zélio disse que o Sr. Caboclo foi buscar uma entidade do Oriente?). Pois então, viajando um pouquinho, o que vejo é que o Oriente citado, não se restringe somente ao ponto geográfico no globo como, mas tbm ao astral.
Minha vez, rsrsrsrs. Como sabemos as Escolas Esotéricas e de Conhecimento mais antigas, nascem justamente no Oriente.
O giz da questão do não soar bem se dava pelo termo árabe (em 1908, aqui no Brasil, tentemos imaginar como seria.) Ainda que ouçamos que “Orixá fala árabe”, em seguida “Orixá é palavra muito árabe”, o que me parece ter sido o essencial era firmar que: Há um Deus e nós estamos a seu lado ou Aumbanda = Ao lado do Deus único.
Mas como disse antes, vai ser questão de talento conseguir-se completar o quadro. Lembrando tbm o que disseram antes, usando o material ou as peças históricas que se tem em mãos.
Até aqui, renovando meus parabéns pelo trabalho!
Abraços Fraternos!
ubiratan da silva disse:
Como vai Renato. Aí vai o meu pitaco rsr.
Aum é é um mantra de origem imemorial.
No Templo de Pai João de Benguela, nos trabalhos de desenvolvimento mediúnico, o primeiro ritual que se fazia, era reunir toda a corrente designada para o desenvolvimento, formando-se um semi-circulo defronte ao altar, onde era pronunciado o Mantra Aum. Uma pesquisa de voces na Ordem Rosa Cruz poderá elucida-los melhor.
Quanto ao nome Umbanda foi uma determinação do Astral Superior e não do Caboclo das Sete Encruzilhadas. O que ele fez através do Sr. Zélio foi apenas anunciar e transmitir as Ordens do Astral Superior. Da maneira como voces estão querendo interpretar,´passa a impressão que o Caboclo das Sete Encruzilhadas foi o inventor da Umbanda.
Porque voce não coloca no teu blog a apresentação do Livro Primeiras Revelações de Umbanda de 1946 que eu te mandei, para que nossos amigos possam analizar a nossa amada UMBANDA? Como Umbandistas que dizemos que somos, temos o dever de abrir novos horizontes aos nossos amigos estudiosos.
Um triplice Saravá a todos.
Renato Guimarães disse:
Olá, Ubiratan!
Eu conheço o mantra Aum (ou Om) da tradição do Hinduísmo, já datando da época do Vedas, mas é provável que seja ainda mais antigo que isso. Infelizmente, não conheço ele de outras tradições, portanto, peço desculpas por não ter subsídios sobre esse assunto. Vou aceitar a sua sugestão e estudarei mais a respeito.
Quanto a origem do nome Umbanda, eu e o Pedro acreditamos que ela seja originária do Caboclo das Sete Encruzilhadas e por isso nossas postagens seguem essa linha de raciocínio. Como sei que nossa visão não é a de toda a comunidade umbandista, deixamos esse espaço de comentários abertos, para que outras pessoas possam deixar aqui expostas essas outras formas de visão, o que o senhor tem feito de forma exemplar.
Sobre a parte do livro em questão, não coloquei ela aqui até agora pelo simples fato dessa ideia não ter passado na minha cabeça ainda. Mas a sugestão está anotada e farei em breve. Pode me cobrar.
Um grande abraço, Renato Guimarães.
Humberto Ricardo disse:
vc teria uma cópia desse livro: Primeiras Revelações de Umbanda de 1946, gostaria de ler, pode ser digitalizado
Renato Guimarães disse:
Olá, Humberto.
Infelizmente, não tenho, não.
Abs, Renato.
ubiratan da silva disse:
Renato só para completar o meu raciocínio, tenho a convicção que o Sr. Zélio, o Caboclo das Sete Encruzilhadas eram sério demais para estarem mudando o nome de uma Nova Religião a seu bel prazer. Devemos ter o cuidado para não colocar o que estamos tentando provar, na boca desses iluminados espírito, pois entendo que os primeiros que trouxeram a Umbanda, foram espíritos missionário, tando os do lado de lá como os do lado de cá. Então tenhamos muito cuidado, pois a internet é como um rastilho de pólvora, depois de aceso, é muito difícil de apagar.
Desculpe o desabafo.
abraços.
Renato Guimarães disse:
Olá, novamente!
Veja que pelo ponto de vista que eu, particularmente, tenho, o de que o nome da religião foi dado pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, não haveria problema nisso.
Perceba que se inicialmente o nome da nova religião foi Alabanda, logo depois modificado para Aumbanda, abre-se campo para um estudo aqui dos reais motivos disso ter ocorrido. Especulando aqui (não posso provar), o Caboclo poderia até mesmo ter modificado o nome do culto que estava trazendo, obedecendo a ordens do astral superior.
Pode desabafar a vontade. O espaço é pra isso mesmo.
Grande abraço, Renato Guimarães.
ubiratan da silva disse:
Olá Renato.
Se considerar-mos uma separação entre Umbanda e Movimento Umbandista, aí posso concordar com voce que foi o Caboclo da Sete Encruzilhadas o patrono do Movimento Umbandista.
Explico. Não existe em qualquer ritual de Umbanda algo que não tenha vindo de épocas antiqüissimas. Cada terreiro atravéz do seu mentor tem a sua maneira de prática, e aí é que está a beleza da Umbanda, é a unidade da diversidade. Ou como dizia o filósofo a unanimidade é burra. O que me preocupa é quando queremos criar um dono para uma religião, pois quando isto acontece, a religião que tem que ser dinamica, assim como o universo é dinamico, esta religião se cristaliza e começa a perder a sua essência. A historia das religîões esta ai para comprovar. Daqui à pouco estaremos acendendo velas nos altares para o Sr. Zélio e o Caboclo das Sete Encruzilhadas.
Não quero que entendam que estou menosprezando os dois eminentes personagens da nossa Umbanda, muito pelo contrário. O que não aceito é que muitos outros que trouxeram a Umbanda para a nossa pátria, independentes dos dois sejam relegados a um segundo plano.
abraço a todos.
Edenilson Francisco disse:
Sr. Ubiratan Silva,
Posto da forma que o Sr. colocou, pode-se entender que cada entidade atuante DE UMBANDA, de fato e de direito, é por isso mesmo fundadora de uma Umbanda a partir de sua prática, tal como aliás argumentou o Sr. João de Oliveira no 1º áudio (Umbanda brasileira, Umbanda africana, Umbanda do Caboclo Mirim).
Que Umbanda é movimento espiritual imemorial concordamos em gênero, número e grau. Agora, salvo se o Sr. ou outro tiver documentação comprobatória de que antes de 1908, houve manifestação espiritual no plano terreno através de um médium dizendo, afirmando que isto que estou fazendo É UMBANDA, estas são suas bases, esta é sua doutrina, etc., aí muda de figura.
Ao contrário do que o Sr. afirma, a trajetória de vida e trabalho do Sr. Zélio e do próprio Caboclo das Sete Encruzilhadas, ainda que tenhamos tão pouco, demonstram claramente que conscientes do seu papel, não se arvoraram em donos ou proprietários. Pelo simples fato de saberem que não poderiam possuir algo que não lhes pertencia.
A parte que lhes cabem é justamente a que o Sr. tão bem citou, patronos. Digo mais, na verdade mais do que alça-los ao posto, impróprio de “donos”, são sim modelos de conduta para todos nós umbandistas.
Concordo com o Sr. no quesito de que o que não faltam são pretensos donos, mestres, iluminados e outros tantos títulos a perder de vista, que incensam ou reduzem as figuras do Sr. Zélio e do Sr. Caboclo, para prq não dizer, “humildemente” e dissimuladamente se apresentarem como “novos” modelos. Como novas evoluções e escolas.
De minha parte, acenderia tranquilamente velas aos dois personagens, Sr. Zélio e o Sr. Caboclo as Sete Encruzilhadas, por simples questão de afinidade. O modo como estaria fazendo, apenas diria respeito ao como faço para isso, não quer dizer isso tbm que é bela o modo como se manifesta a diversidade de cada um na conexão com a unidade?
“O que não aceito é que muitos outros que trouxeram a Umbanda para a nossa pátria, independentes dos dois sejam relegados a um segundo plano.”
Quem são os “muitos outros que trouxeram a Umbanda para a nossa pátria”, por gentileza?
Paz e Luz!
ubiratan da silva disse:
Sr. Edenilson Francisco
1 – Continuo a afirmar a separação. Existem rituais diferenciados para o culto da UMBANDA, ritual africano, ritual do Caboclo Mirim), mas a essência é a mesma “UMBANDA”. Ou cada um pode cultuar a Deus à sua rpórpia maneira.
2 – Salvo desconhecimento de minha parte, não existe documento que comprove o ano de 1908. O estatuto da TENSP foi registrado se não me falja a memória em 195l.
3 – Eu não afirmei que o Sr. Zelio e o Caboclo das 7 Encruzilhadas se arvoraram em donos da UMBANDA. O que eu continuo afirmando é que outros estão tentando colocar isso, desculpe a expressão, na boca deles.
Como eu coloquei, eles são espiritos missiona´rios tanto um como outro, e um espírito deste nível, jamais iria se colocar como donos ou fundadores de uma religião.
4 – Se as discussões sobre a Umbanda, mudasse de direção, ao invés de se procurar descobrir a Tenda mais antiga, se procurasse aprender e principalmente praticar os ensinamentos e os exemplos de humildade, despreendimento, amor pela Umbanda, pela evolução espiritual e por ai adiante, que eles viveram, o Movimento Umbandista estaria cem anos a frente.
5 – Os dois próximos tópicos estão incluidos no anterior.
6 – Quanto a acender velas´é bem isso, depende da intenção de uso.
7 – Veja, o Brasil é imenso, e estamos falando de 1908, e não dos dias de hoje que em poucas horas voce cruza do Oiapoque ao Chuí. Por isso que quando eu vejo escrito por ai que o Sr. Zelio fundou mais de 10.000 tendas …
E se fizer-mos um estudo apurado dos rituais de terreiros sérios, espalhados pelos rincões de nossa pátria, chegaremos à conclusão de que não partiram de uma unica fonte. Quando digo fonte é fonte terráquea (já to viajando). rsrs
– Eu iniciei na Umbanda e na Maçonaria (é isso mesmo) na Maçonaria por um PRETO VELHO, que se manifestou no Movimento Umbandista por volta de 1930. Documentado é 1942. O AMADO PAI JOÃO DE BENGUELA E SEU CAVALO TIA. ZIZI. Seu nome era Eugenia Lopes de Oliveira, que saudades, que como Sr. Zelio e o Caboclo das Sete Encruzilhadas foram exemplos de humildade, e despreendimento pela Umbanda. E Pai João construiu não apenas um terreiro de Umbanda, mas sim um Templo Iniciático. Esta história, se ele permitir lá do outro lado, pois Tia Zizi desencarnou em 1994, e pouco antes Pai João comunicou através dela, que após o seu desencarne, partiria para outros páramos, pois sua missão estava cumprida. Paro por aqui.
Cada uma só pode ver aquilo que está ao alcance de seus próprios olhos.
Um triplice Sarava a Todos.
Edenilson Francisco disse:
Sr. Ubiratan,
Creio ter entendido a extensão dos seus argumentos, vamos lá!
Concordo que a essência ESPIRITUAL Umbanda, ainda que incompreensível para muitos justamente pela sua amplidão e imemorialidade, se faz presente. Só não sei se a mesma ainda se presencia em rituais pomposos onde é farta a matança sangrenta, o uso de bebidas alcoólicas sem medida, a utilização de atabaques onde antes não se admitia por causar distúrbios neurológicos, a manifestação de Zé Pelintra como legítima entidade de Umbanda onde antes era execrado, entre outros. Não sei confesso, se consigo enxergar a essência da Umbanda em tais usos e rituais.
Incapacidade de alcance visual certamente…
Ao falarmos em Umbanda, manifestação neste plano, não há como deixar de citar o Sr. Zélio e o Sr. Caboclo das Sete Encruzilhadas, como seus símbolos maiores e de significação demarcatória.
E aqui justamente não há como se falar, ainda, em movimento umbandista. Falar-se-á tão apenas de Umbanda.
Somente o faremos, aí sim, a partir da movimentação para institucionalização de órgãos representativos da religião de Umbanda, corrija-me o Renato Guimarães se estiver incorreto, depois dos anos 30/40, que é quando começam as primeiras movimentações para tal, como exemplo cito a criação da Federação Espírita de Umbanda do Brasil e logo depois o Primeiro Congresso de Espiritismo de Umbanda.
A partir daí, de modo mais ostensivo, passo a concordar que Umbanda passou a ser uma coisa e movimento umbandista outra.
Mas não na TENSP por sinal, que mantém sua doutrina até hoje atuante, não é curioso como a essência Umbanda não se dilui ou se perde onde é fonte viva e original?
Concordamos tbm no quesito, estão e como estão querendo dizer e colocar palavras nas bocas de nossos mui dignos fundadores, ah! como estão.
A discussão pelo Sr. citada só é infrutífera quando usada justamente para dourar a própria pílula, assim como a desqualificação de dados históricos que os apontam. Mas aí e concordamos outra vez, é o velho canto da sereia vaidade a trinar nos ouvidos…
“E se fizer-mos um estudo apurado dos rituais de terreiros sérios, espalhados pelos rincões de nossa pátria, chegaremos à conclusão de que não partiram de uma unica fonte.”
Mas é este o estudo sério e honesto que faz o Renato Guimarães e o Pedro Kristki!!! Aliás prq não dizer, Matta e Silva tbm o fez e até aqui houve algum dado substancial que comprove a existência de outra fonte terrena, que não a TENSP?
Até lá então, o que temos são ilações, conjecturas e muita, mas muita hipótese não é mesmo?
Com qual visão as usam e buscam aí tbm é outra estória.
Grato pelo retorno fraterno,
Paz e Luz!
ubiratan da silva disse:
Sr. Edenilson, como vai?
Você, ou Sr., já tinha ouvido falar do Templo do Pai João de Benguela?
Abraços.
Edenilson Francisco disse:
Sr. Ubiratan,
Pode ser vc.
Não Sr. Ubiratan, não tinha ouvido falar, neste em especial que o Sr. cita e citou em comentário anterior.
Desde já meus respeitos ao Templo, seu Dirigente e adeptos.
Paz e Luz!
ubiratan da silva disse:
Sr. Edenilson
Agora voce já pode conhecer um pouco do Templo de Pai João de Benguela no meu blog – umbandasecxxi.blogspot, é apenas o início.
abraços.
w. nascimento disse:
eu nao compreendo mais a umbanda,pois so escuto falar em deus,jesus,maria e os outros santos.Mais que eu sei
nos medium nao tem nada mais nada com a religiao catolica.Nos recebemos os orixas, veio muitos antes que os catolicos.E vejo que voce continua adorar os deuses catolicos .Isso nao é umbanda ,mais uma religiao catolicas.
Renato Guimarães disse:
Olá, Walter Nascimento.
Antes de mais nada, obrigado por acessar o nosso blog.
O que você talvez não esteja compreendendo é a diversidade existente dentro da Umbanda. Assim como o Cristianismo, o Islamismo, o Budismo e o Hinduísmo, a Umbanda é uma religião onde coexistem em seu interior diferentes tradições religiosas, não sendo em hipótese alguma uma coisa homogênea. É pelo fato de alguns quererem se fazer de cegos para essas diferenças e se negarem a reconhecê-las, pregando que só existe Umbanda e não várias vertentes em seu interior, que tal diversidade acaba gerando confusão em muitos.
Em algumas vertentes umbandistas, os santos católicos são parte fundamental da doutrina; em outras, são completamente dispensáveis. Em algumas vertentes, o culto e a incorporação de Orixás, como são entendidos pela tradição africana, é parte fundamental da doutrina; em outras vertentes, onde Orixás são considerados espíritos como outros quaisquer, cultuá-los como a tradição africana é totalmente dispensável.
Peço desculpas mas eu não adoro deuses católicos, nem posso adorá-los, já que não existem deuses católicos: o catolicismo é monoteísta, ou seja, adora apenas um Deus. Deixando isso de lado, e falando da minha opção religiosa, que você tocou em seu comentário, bom, EU SOU MONOTEÍSTA (esse conceito é fundamental para mim), logo não adoro deuses: adoro apenas UM DEUS, que acredito ser independente de religião. Em meu sistema de crenças, santos e orixás são apenas espíritos, como eu, você e todos os que nos leêm, não merecendo, portanto, nenhuma adoração da minha parte, apenas respeito e consideração, especialmente se forem espíritos evoluídos.
Um grande abraço, Renato Guimarães.
Luana disse:
Oi Boa Tarde!
Vcs saberiam me dizer se há algum relato de outros médiuns que trabalham com Caboclo Mirim ou Caboclo Menino? quero dizer algum espírito de sua falange, que usa esse nome, já que acredito que o mesmo espírito provavelmente não precise mais vir aqui e incorporar em algum médium.
Cordialmente,
Luana M. Xavier
Renato Guimarães disse:
Olá, Luana.
Olha, infelizmente, não conheço outro, não.
Abraços, Renato.